Segundo psicoterapeuta, estabilidade financeira não é fator determinante.
Conforto e mordomias contribuem para que eles permaneçam no lar.
Muitos jovens afirmam que sonham alcançar a independência e ter seu próprio canto. No entanto, vários chegam aos 30 anos no mesmo endereço dos pais. Entre os motivos estão o apreço pelo conforto e a dificuldade de se estabelecer financeiramente.
A psicoteraupeuta e sexóloga Mara Pusch, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que esse grupo de pessoas integra a chamada “geração canguru”, aquela que adora o conforto do lar. Na opinião de Mara, dinheiro não é fator determinante para pessoas nessa faixa etária continuarem na casa dos pais.
“Uma pessoa na faixa dos 30 e com curso universitário completo, por exemplo, já consegue ter uma renda que dá para pensar em se bancar. As pessoas prolongam a solteirice porque é cômodo se manter na casa da família”, diz.
De acordo com Mara, ao sair de casa, os jovens querem continuar com o mesmo padrão de vida, em vez de se contentar com menos mordomias. “Além do conforto, as preocupações, como contas a pagar, tendem a ser menores na casa dos pais”, diz.
De volta para a casa
Rodolfo Carreto, de 34 anos, trabalha como agente travel e após o término de um relacionamento voltou a morar com os pais. Ele tinha passado quatro anos fora de casa.
Ao retornar ao lar, Carreto conta que passou a se policiar mais com os horários de chegar em casa por respeito aos familiares. “Em casa não tem esse lance de ‘pegação de pé’, mas acabei impondo algumas regras para mim, a favor do bom convívio”, diz.
Ele afirma que sempre teve um bom relacionamento com os pais e ao voltar para casa foi muito paparicado. “Tenho a cama arrumada, a roupa passada. Passei a dar um valor enorme para isso.”
A dentista Viviam Mendes do Carmo, de 32 anos, passou um ano morando com o namorado no Rio de Janeiro. No entanto, o casal voltou para São Paulo em 2008. Enquanto buscam estabilidade financeira para voltar a viver juntos, cada um reside na casa de seus pais.
Além de ter um bom convívio com a família, ela também valoriza as regalias que tem no lar. “Eu ajudo com algumas despesas, mas tenho mais mordomias. Por exemplo, no Rio, nós não tínhamos um empregada doméstica e, em São Paulo, temos uma pessoa para realizar os serviços”, diz.
Em busca de companhia
O técnico em informática W.M., de 39 anos, também não deixou a casa dos pais. Ele conta que há fatores convenientes e inconvenientes em morar com a família. “É cômodo ter a comida da minha mãe, mas, por outro lado, também tenho que lidar com os problemas de relacionamento”, afirma. Segundo ele, é complicado fazer com que o pai aceite sua opção sexual.
O técnico em informática viveu fora da casa dos pais durante apenas um mês, quando – por motivos profissionais – foi morar na praia. Ele alega que a falta de companhia foi o fator que mais contribuiu para que não gostasse da morar sozinho. W.M. não descarta a possibilidade de sair da casa da família quando encontrar um parceiro.
Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL733722-5598,00-TRINTOES+QUE
+MORAM+COM+OS+PAIS+FORMAM+GERACAO+CANGURU.html
sexta-feira, 22 de maio de 2009
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Eu não faço parte dessa geração canguru. Saí de casa depois dos 30 anos porque minha mãe teve AVC, eu e meu irmão mais velho cuidávamos de tudo. Ele cuidava de mamãe enquanto eu estava na faculdade na parte da manhã e depois eu cuidava dela à tarde, à noite e madrugada (ela dormia no meu quarto porque tinha incontinência urinária e precisava ir ao banheiro a todo momento). Tive que recusar um emprego oferecido pelo professor da faculdade, amigos não me visitavam, não tinha ânimo pra me arrumar, não tinha dinheiro pra sair (era tudo pra comprar remédios pra minha mãe) e acabei com a minha vida social. Ficava tão cansada e preocupada com ela e o meu irmão que nem queria sair pra lugar nenhum pra me divertir ou distrair. Essa geração canguru não existe só no Brasil, tem até no Japão e as pessoas são chamadas de "wagamama" (lê-se "uágamama", ou seja, a grosso modo, vagabundo).
ResponderExcluirOi Vladvostock,
ResponderExcluirObrigada por compartilhar sua história conosco.
Nós do Vida Sozinho apoiamos sua decisão!
É positivo sim procurar a independência morando sozinho(a), mas no seu caso se tomasse uma posição diferente teria sido uma atitude egocêntrica, muito mais individualista do que uma busca por individualidade. Aliás a diferença destas duas palavras é algo que também será abordado na série.
É uma decisão importante esta que tomou, que lhe rendeu muitos momentos difíceis, mas que com certeza te proporcionou, de outra forma, um amadurecimento muito grande.
Não conhecíamos o termo japonês para esta geração. Legal que tenha dividido seu conhecimento aqui no blog!
Esperamos que vocês estejam em uma fase melhor agora!
Um abraço!
Boa noite! Eu de novo! rsrsrs Sim, graças a Deus, hoje estou vivendo razoavelmente bem (esperando ser chamada para trabalhar). Tenho minha casa própria, meu filho adolescente mora comigo e estuda num colégio particular. Essa experiência que tive quando era solteira, serviu para que eu administrasse minha vida sem precisar da ajuda de ninguém. Administrei a casa tranquilamente enquanto era casada e agora, depois de divorciada, administro mais tranquila ainda. Foi uma experiência de vida que, apesar de dura, valeu a pena e estou colhendo frutos. Abraços e boa sorte a todos! Adorei o blog!!
ResponderExcluirFicamos felizes por suas conquistas!
ResponderExcluirQue bom que gostou do blog! Esperamos que continue nos acompanhando e fique à vontade para sugerir pautas, fazer críticas, o que for.
E fazendo nossas as suas palavras: boa sorte a todos!
Pesquisando sobre o tema pra fazer um post virei seguidora!
ResponderExcluirOlá Ana Carolina,
ResponderExcluirQue bom que gostou! Seja muito bem-vinda aqui!
Não sei roubar, não sei traficar muito menos passar a perna em alguem por dinheiro; por isso moro com meus pais!
ResponderExcluirOlá Rogério, morar com os pais não é nenhum desmérito! Aliás, só a título de curiosidade, nenhum de nós do "Vida Sozinho" moramos sós, embora alguns de nós desejássemos isso.
ResponderExcluirMas, de qualquer forma, não é preciso fazer nada ilícito para bancar uma vida sozinho. Claro que precisa ter alguma renda, mas não precisa ser muito não.
Logo mais postaremos a história de um personagem que passou algumas "aventuras" por difuldade financeira enquanto morou sozinho na Comunidade do Heliópolis.
Obrigada por comentar!
Aff... Eu também faço parte dessa geração. Sou advogado há mais de cinco anos e essa profissão não me propicia uma tranquilidade financeira. Tudo depende da disponibilidade econômica dos clientes. Nossa, como eu já levei cano!!!!
ResponderExcluirMas,se tudo der certo, vou passar em um ótimo concurso ou conquistar um bom pé de meia. Assim, saio de casa voando.
Tenho trinta anos e não quero me casar após os trinta e sete por essas questões.