quarta-feira, 14 de abril de 2010

Atenção

Olá leitores,

Com o fim do TCC, nossas rotinas mudaram e encerraremos as postagens aqui no blog .
Algumas pessoas têm nos procurado para saber mais sobre o Vida Sozinho. Quem se interessar, pode encontrar mais informações sobre o trabalho e nossos contatos nos links:

Minha Notícia

Agência USCS

Nossos e-mails podem ser vistos em qualquer um dos links e estaremos à disposição de vocês para qualquer dúvida.

Desejamos sorte e sucesso aos "sozinhos" e aos que pretendem iniciar a vida "só". Agradecemos muito por compartilharem suas experiências conosco, não apenas pelo trabalho, mas também, e principalmente, pela lição de vida que tivemos!

Essa lição carregaremos para sempre!

Audrey, Samanta e Samira continuam a escrever. Só que agora sobre outro assunto e em novo endereço. Quem se sentir órfão de nossos textos, poderá matar a saudade lá:

http://www.opigmaleao.com

Obrigada por tudo!

Equipe Vida Sozinho




quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Entrevista com Alex Sandro dos Santos

Primeiramente saudações a todos os leitores do Vida Sozinho! Que este ano seja maravilhoso para todos vocês!
A gente inicia nossa publicação de 2010 com a história do Alex Sandro dos Santos. Infelizmente não pudemos usar a sonora do Alex na série de reportagens especiais, porque o áudio possuia muitos ruídos, mas este é um personagem bastante curioso. O Alex tem 23 anos e não mora mais sozinho, entretanto quando morou, experimentou viver só na comunidade do Heliópolis (SP) e passou alguns "apuros" nessa experiência.
Ele mostra que é possível sim viver só, mesmo com o orçamento baixo!

VS:Há quanto tempo você morou sozinho?

AS:Durante 8 meses. Não é muito tempo, mas foi oito meses

VS: E por que você decidiu morar sozinho?

AS: Porque na realidade eu morava junto com minha família, meu irmão, meus irmãos e minha mãe, só que tava tendo muita confusão e eu sempre fui de sair de casa cedo, assim, querer tomar minhas decisões sozinho, é...desde cedo. É, minha primeira experiência de sair de casa foi quando eu fui morar com a mãe da minha filha e hoje a gente não mora mais junto, mas eu morei com ela durante dois anos e meio, e aí foi uma experiência que pra mim foi interessante, só não foi muito bom assim em relação, tanto que depois a gente separou, e aí eu voltei pra minha mãe. E aí depois que eu voltei pra minha mãe não foi, não era a mesma coisa quando você sai a primeira vez, você nunca volta e continua sendo a mesma coisa, né. E aí, comecei a ter muita intriga com minha família e aí eu fui em busca de uma casa alugada, pra morar sozinho, mais questão de já ter gostado de ter saído, e por questão de intrigas de ter dentro de casa.

VS: Então você foi pra buscar independência? Foi isso?

AS: Foi. Foi mais pra conhecer como é esse lance da independência, como é que é você tomar suas decisões, você cuidar de você mesmo, você passar sufoco sem ter sua mãe pra ta do lado te amparando, então eu sempre gostei disso, então foi algo que eu decidi, fui e gostei e achei interessante. É bem... Não me arrependo.

VS: Você pode descrever sua casa pra gente?

AS: É, na realidade pra mim compra uma casa, pelo local que eu moro hoje, né, pela comunidade, porque até então eu não queria ir pra um lugar muito longe, porque é onde que eu trabalho, é onde que tudo os meus amigos moram, é onde que eu conheço todo mundo, então eu consegui encontrar dois cômodos, né, que era um quarto e uma cozinha, e na realidade o banheiro eu dividia com um vizinho também que na realidade era dentro de um terreno que tinha várias casas, e aí eu dividia o banheiro com esse vizinho, mas dentro da casa era confortável, interessante, só que quando você vai morar sozinho, se você mesmo assim tem que dividir algo com alguém é meio complicado, você fica meio naquela de limpeza, você tem um jeito de limpar, a pessoa tem outro, você tem seus horários pra usar a pessoa tem outro, então assim, dentro da casa pra mim era tranqüilo, minha dificuldade maior dentro da casa era mais em relação a usar o banheiro, que na realidade eu tinha que tomar banho pra ir pra faculdade, tinha que tomar banho pra ir trabalhar, às vezes eu levava minha filha e tinha os horários que ela tomava banho, tudo, então era meio complicado, mas a casa interessante, a cozinha era grande, tinha bastante espaço pra fazer muitas coisas e no quarto também era confortável tava ótimo.

VS: Você adquiriu alguma mania morando sozinho?

AS: Acredito que sim, eu ao lembro de antes de quando eu morava com minha mãe, se eu tinha isso, mas hoje eu tenho muita mania de limpeza, limpo toda hora, tiro poeira toda hora, dobro toda hora, é, eu já era meio chato com isso de organização, hoje em dia acho que eu sou mais ainda, eu não agüento ver nada meu fora do lugar, eu mesmo vou lá e boto no lugar, quando tiram eu fico bravo, eu tenho uma prima que mora com a gente desde criança, hoje ela tem a mania de sempre chegar nas minhas coisas pegar, usar e não colocar no lugar, isso me tira meio do sério, e aí acho que a mania que eu peguei, foi de querer tudo sempre no lugar, organizadinho. Essa foi a mania que eu acredito que eu tenho.

VS: Como foi pra se virar pra cozinhar, fazer coisa de casa, sozinho?

AS: Na realidade eu nunca tive muita dificuldade pra isso, porque minha mãe criou os filhos dela já ensinando a se cuidar, porque ela nunca foi de querer os filhos sempre dependendo dela, só que hoje em dia ela cria os outros, um pouco mais velho e um mais novo, que é o caçula, sempre o caçula é bem beneficiado da mãe, então ela cria eles com manias, meu irmão mais novo que é onde eu tive mais intriga, ele quer tudo na mão, quer tomar o café que ela leva, o almoço que ela põe, então isso tudo deixou ele com essa mania. Eu não, eu sempre fui curioso, cheguei sempre quis aprender a fazer, sempre cozinhei dentro de casa, sempre gostei de fazer minhas coisas, tanto que dentro do projeto antes de eu começar a trabalhar aqui, teve uma festa junina aqui e eu vi um dos professores fazendo bolo e torta pra vender e me interessei, fui aprender, aí ele me ensinou tudo, eu fiz, a gente fez mais ou menos quarenta bolo e torta e a gente conseguiu vender tudo, então aquilo acabou criando mais assim, então acabei gostando mais da cozinha, então eu sempre soube fazer um arroz, um feijão, temperar uma carne tudo, isso não foi dificuldade não. Pra mim a dificuldade maior era conseguir ficar sozinho, que eu nunca, a família era grande, mas consegui tranqüilo e hoje já ta tudo em ordem.

VS: Você sentiu solidão morando sozinho? Como fazia pra lidar se você sentiu?

AS: No início eu senti, eu senti que era tudo muito parado, eu e a televisão praticamente, eu e as músicas, no início pra mim foi difícil, acho que eu senti isso durante um mês só, mas depois eu consegui me adaptar legal, levar meus amigos pra jogar um vídeo-game, tudo, mas acho que pra me adaptar foi fácil, acho que o que me ajudou mais foi quando eu saí de casa a primeira vez, depois fui, você só tem que se acostumar a ficar sozinho. De resto, foi tranqüilo.

VS: E o orçamento doméstico? Você que pagava todas as contas?

AS: Isso eu também sempre fui independente também, comecei a trabalhar cedo, então a gente vai, mesmo na dificuldade que você vai encontrando, você vai aprendendo a lidar com o seu dinheiro, então eu pagava meu aluguel, pagava água, luz sem problema nenhum que era praticamente o que mais gastava. Da pra você se manter, comprar alimentos, por dentro de casa era mais tranqüilo. Como era só eu dentro de casa e às vezes minha filha, alguns finais de semana ela ficava comigo, então não tinha muito orçamento de alimento, era mais tranqüilo, na realidade a dificuldade maior que eu encontrei foi colocar móveis dentro de casa, que na realidade eu saí de casa, saí da casa da minha mãe, tudo que eu comprei quando eu morei com a mãe da minha filha, ficou lá com ela. Aí eu fui pra minha mãe sem nada, e eu saí de novo, e foi onde eu tive que gastar mais, comprar cama, guarda-roupa, geladeira, fogão, tudo. Tanto que até hoje eu to terminado de pagar a geladeira, o restante já ta tudo quitado já. De resto, o orçamento eu só tive que aprender a diminuir os meus gastos pra menos, o resto foi tranqüilo.

VS: Teve alguma situação engraçada que você não sabia fazer alguma coisa e você teve que se virar e acabou acontecendo algum acidente?

AS: Não, que eu me lembro assim foi engraçado pela situação, mas não causou nenhum acidente, foi a dificuldade que eu encontrei de fazer a televisão pegar bem dentro daquela casa, porque era um lugar baixo né, então antena nenhuma que tinha pegava, então eu levei a televisão pra todos os cantos da casa: pra cozinha, pro quarto, só faltei levar pro banheiro e mesmo assim não pegou, eu comprei todo tipo de antena, fio e colocava e não pegava, aí até que um dia eu cheguei do serviço e vi um fio esticado no quintal, só que ninguém tava usando, eu achei estranho, aí fui lá e conectei o fio que eu tinha comprado com aquele fio e a televisão pegou limpa, porque tinha uma antena lá encima disponível e eu não sabia, encima da laje, aí eu fiquei nervoso, depois de dois meses brigando com a televisão, só assistindo filme e querendo assistir um jogo, algo parecido e ao conseguia fazer a televisão pegar aonde que eu queria, só que eu tive que ralar um pouco pra isso.

VS: Qual a melhor parte de morar sozinho?

AS: Melhor parte de você morar sozinho é você colocar sua cabeça no lugar, suas idéias, você perceber que dificuldade existem, mas não pode parar e deixar ela tomar conta de você, é, eu acho que você morar sozinho, sozinho mesmo sabendo que aquilo tudo é você que vai ter que tomar conta, traz mais responsabilidade pra você, você começa ter mais valor por suas coisas e você realmente aprende a viver aquilo que você luta todo dia, eu acordo cedo todo dia pra ir trabalhar e você aprende a valorizar um pouco mais aquilo. Acho que isso foi o que mais aprendi depois que eu comecei a morar sozinho. Acho que essa foi uma das minhas lições.

VS: E você acha que quem mora sozinho tem maior dificuldade de relacionamento ou o contrário? Afeta alguma coisa no relacionamento?

AS: Acho que morando sozinho te traz mais liberdade, mais como é que eu posso dizer, você consegue contornar melhor suas relações, só que ao mesmo tempo você tem que tomar cuidado com aquele lance de mesmice. Você tem uma relação com a pessoa, você leva ela pra assistir um filme e você já leva ela embora, ou ela vai e fica um dia na sua casa, acaba que você não sabe como contornar isso, porque se você ta na casa de alguém, principalmente de pai e mãe, você também tem essas pessoas pra ela estar conversando. Agora quando não tem, você tem que ser uma pessoa bem ligada e não deixar a relação ficar numa coisa tipo a gente vai pra lá de novo pra assistir tal coisa, a gente vai pra lá de novo pra mim te ajudar a lavar louça, então acho que isso quebra um pouco, você tem que ser um pouco ligado pra ter uma noção de variação, você tem que variar as coisas, acho que você sabendo fazer isso é tranqüilo.

VS: E você gostou da experiência? Você indicaria a outras pessoas a morar sozinhas?

AS: Ah, gostei. Gostei, eu acho que pra mim todo mundo, qualquer pessoa que é dependente do pai, da mãe, do irmão, da tia, de quem for, é necessário ter um pouco dessa experiência, porque volta outra pessoa, volta um pouco mais ligado na vida, volta sabendo que sua mãe, a pessoa que você depende não vai estar lá todo dia pra te atender, não vai estar lá quando você tiver com preguiça de repente de passar uma roupa e ela ir lá passar pra você pra quando você quiser já estar passada, eu acho que é bom pra todo mundo que acaba criando um hábito de responsabilidade, acho que isso é bom. Acho que ajuda muito o crescimento pessoal da pessoa. Acho que é isso.

VS: Você gostaria de acrescentar alguma coisa?

AS: Acho que só a pessoa mesmo correndo atrás e vê o quanto que isso ajuda mesmo, a pessoa tem que sentir vontade, se tem algo que ta atrapalhando e ela não consegue contornar, eu acho que nada mais justo que ela correr atrás e resolver os seus problemas, se é ela, o problema ela mesmo tem que mudar a situação e ela mesmo vais e resolver, porque só assim consegue uma outra visão, acho que não tenho muito o que acrescentar não.

Todas as entrevistas estão postadas conforme a transcrição, seguindo a risca a fala, gírias e vícios de linguagem dos entrevistados.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Série de Reportagens - Vida Sozinho

Conforme prometemos, finalmente o fruto de mais de um ano de nosso trabalho está aqui disponibilizado para todos vocês. Ouçam, baixem para seus computadores e descubram um pouco mais sobre a vida daqueles que moram sós.
Recomendamos que vocês façam o download do arquivo para melhor qualidade, porque o podcast está com problemas e alguns trechos estão sendo repetidos.

Capítulo 1 - Ouvir

Download - Primeiro Capítulo

Capítulo 2 - Ouvir

Download - Segundo Capítulo

Capítulo 3 - Ouvir

Download - Terceiro Capítulo

Capítulo 4 - Ouvir

Download - Quarto Capítulo

Capítulo 5 - Ouvir

Download - Quinto Capítulo

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Nossos livros

Algumas de nossas referências bibliográficas do TCC foram perdidas propositalmente no Auditório Hélcio Quaglio, da Universidade Municipal de São Caetano do Sul.
Elas foram cadastradas no projeto "Perca um Livro" que tem como objetivo transformar o mundo em uma grande livraria.
Os títulos foram estes:

Morar Só: Uma Nova Opção de Vida – Christine Machado Victorino
Família, Sociedade e Subjetividades – João Carlos Petrini e Vanessa Ribeiro Simon Cavalcanti
Família no século XXI, Pierpaolo Donati
Só, dores e delícias de morar sozinha – Rosane Queirós
Família, gênero e gerações: desafios para as políticas sociais – Ângela Borges e Mary Garcia Castro
Família, subjetividade, vínculos – Lúcia Moreira e Ana M. A. Carvalho
Conversações – Giles Deleuze
A Velhice – Simone de Beauvoir
Ordem Médica e Norma Familiar – Jurandir Freire Costa

Deixamos nossos livros sentirem a independência compartilhada por todos aqueles que moram sós. Esperamos cruzar com algum deles um dia, mas por enquanto os deixaremos desfrutar a liberdade, e possibilitar que outros possam beber da mesma fonte de conhecimento que um dia provamos.
Se você vir um deles por aí poderá rastreá-lo no mapa de seu trajeto através do site:
http://www.livr.us/

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Banca

A informação é feita para viajar, para circular para o maior número de pessoas possível. Não para nosso prazer bobo de vê-la por aí, mas porque ela nasce da relevância de um fenômeno que merece e deve ser compartilhado. Fenômeno este que tínhamos visto crescer e que acompanhamos por mais de um ano seu crescimento.
Refizemos o roteiro da nossa série de reportagens especiais quando a edição estava quase pronta, porque novas pesquisas apontavam um número maior de sozinhos do que os dados anteriores.
Graças à tecnologia acompanhamos mais e mais pessoas que nos contavam suas aventuras morando sozinhas, o que talvez não tenham idéia de quanto contribuiu para deixarmos nosso trabalho tal qual é hoje.
Ao final, esperamos reunir informações e histórias valiosas que ajudem aos que pretendem morar sozinhos, aos que já moram sós e aos que não fazem parte disso diretamente, mas que estão vivendo esse momento onde cresce cada vez mais o número de domicílios com pessoas vivendo sozinhas, o que de alguma forma causa um impacto na estrutura e nos valores de toda a sociedade.
Nossa banca já tem data marcada: será na quarta-feira, 11 de novembro e contará com a presença da jornalista da rádio Eldorado, Sandra Cabral. Além dela estará a professora da casa Eloiza de Oliveira Frederico e o professor Flávio Falciano, o orientador do nosso TCC, Trabalho de Conclusão de Curso.
Para a platéia ali presente será a primeira apresentação pública da nossa série de reportagens especiais Vida Sozinho. Isso, claro, depois de nossos pais e amigos mais próximos ouvirem tudo repetidas vezes até chegarmos ao que consideramos a edição final.
Mas vocês leitores não precisam se preocupar, no dia seguinte, 12 de novembro, poderão conferir a série completa aqui no blog.

Agradecemos a todos vocês que fizeram parte disso e até mais!