quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Serviço de Macho!

Aproveitando a onda dos "machos" que vivem sozinhos, uma crônica do radialista Daniel Pires, dos tempos em que teve que aprender a se virar...

Serviço de Macho!

Considero tudo aprendizado. Desde quando esfolava os joelhos na bicicleta, até quando vi que o tempo é o melhor remédio. Aprendi que não se devem ter opiniões precipitadas e que talento não é mostrado com palavras.
Aprendi também que amigos não te conhecem, acham que conhecem. Somente isso.
De uma nova experiência eu estou provando agora: Morar sozinho. Não somente pelas tarefas de casa, mas também pela solidão que virou companhia. Antes, não conseguia ficar sozinho e já me sentia triste. Hoje, vejo que a tristeza não é pela solidão e sim pela preguiça.
Mamãe fazia tudo. Papai nada. Irmãos, nada também. Eu, menos ainda. Andava, voltava ao computador, corria pro quintal e voltava ao quarto.
A louça era lavada, o quintal e tudo mais. Até o dia que foram embora.
Senti uma liberdade suprema, um sentimento de posse, do meu próprio nariz. Não que ele seja bonito, mas vale muito. Esse sentimento passou quando eu tive que lavar, cozinhar e ainda tomar banho! Não foi fácil, não mesmo.
Senti um acréscimo de mim mesmo, de um alguém que eu nem sequer sabia que existia.
Muitos amigos questionam de primeira como eu consigo sobreviver. Muitos deles, digamos a maioria, tendo mamães como “Amélias”.
Pensando bem, acredito que poucos lavam e cozinham para si. Alguns não sabem nem fritar um ovo, lavar banheiro então nem se fale.
Maricas, dona de casa, “do lar” eu fui tachado. Meus vizinhos agora me vêem lavando quintal e limpando cocô de cachorro. Quem dera, eles pensam.
Muitos não me conheceram antigamente, com meus quatorze, quinze anos. Quando meus pais trabalhavam fora e praticamente o dia todo eu ficava em casa, sozinho, comigo mesmo. Lavava louça, varria e aprendi a fazer arroz. Papa mas fazia.
O grande mal do ser - humano é querer fazer tudo de sopetão, rasteiro, sem treino. Lembro-me também quando comecei a dirigir, ano retrasado. Nunca tinha pegado um carro, aprendi na auto – escola, diferente de alguns que pegavam carro do pai e saíam por aí, ou de outros que dirigiam desde a adolescência. Eles dirigiam e eu limpava a casa. Creio que saí ganhando, pois hoje dirijo embora não tenha carro e ainda limpo a casa. Estranho.
Muitos deles zombavam quando meu carro morria. Para eles eu tinha que aprender na hora. Sentou, saiu e foi. Engano desse povo.
Muito me estranha também quando dizem que não cozinham feijão nem temperam carne. Coisa mais fácil. Poderia eu zombar deles agora. Mas não, zombaria é para os tolos. Desculpem o termo, amigos!
Ao cair da noite, no acender das lâmpadas, sinto saudades da minha família. Não sei o que a noite traz, mas ela traz. Porém, não me martirizo com isso. Tempo é tempo, fase é fase. Sinto uma preciosidade grande sendo gerada quando chego cansado e não tem comida porque ‘eu’ não a fiz, ou quando vou tomar café e, não tem café porque ‘eu’ não o preparei. Coisas do cotidiano, que se eu não as fizer ninguém mais faz!
Reflito isso com a vida: se eu não a viver, nenhum outro a viverá. Por isso que a sensação de liberdade se transforma em responsabilidade e também em “carão”. Preciso ser responsável para que minha vida seja produtiva e, também, ter motivos para fazer o que bem entendo. Tem alguém pagando minhas contas? Eu!
Não posso também deixar que essa liberdade seja exacerbada. Cuidado com a libertinagem!
Enfim, estou passando por uma fase difícil. Nem amigos, nem família e nem parentes me completam agora. (Isso que você pensou também não!), porém prazerosa. Descobrindo um alguém que aprendeu a dirigir e ainda consegue limpar a própria bunda, sozinho.

Vida Sozinho: Homens X Mulheres

Saiu uma matéria no programa "Mais Você" de ontem sobre a diferença das casas dos homens e das mulheres que vivem sós.

Taí pra quem quiser ver:



Nós do TCC Vida Sozinho concordamos em parte com isso: existe uma tendência maior da mulher buscar essa organização do lar, mas não podemos ignorar que encontramos rapazes que mantinham suas casas em perfeita ordem.
No final a gente percebe que é muito mais um hábito pessoal do que um dilema entre os sexos.

PS: Sim, demos uma sumida por uns tempos daqui do blog, mas continuamos vivos e bem. É que estávamos numa correria (e ainda estamos) com a sequência: transcrição-roteiro-edição. No mais, sempre que sobrar um tempinho, voltamos aqui pra contar as novidades!
PPS: Agradecimento do Vida Sozinho ao Guilherme Renso que avisou sobre essa matéria publicada.