domingo, 10 de maio de 2009

Vanessa Macêdo de Vasconcelos – 19 anos





A irreverência e simplicidade de uma adolescente, que esconde a maturidade adquirida durante todo o tempo em que se manteve solitária em seu apartamento, em São Paulo. Vanessa Macêdo de Vasconcelos trocou o Recife pela capital em janeiro de 2008, aos 18 anos de idade, para cursar a faculdade de Publicidade e Propaganda. Atualmente, pretende se transferir para a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e retornar para o Recife, porque a saudade da família é imensa.

Há quanto tempo você mora sozinha?
Vim para cá (São Paulo) no ano passado (2008), em janeiro.

O que a levou a morar só?
Vim fazer faculdade de Publicidade e Propaganda.

Como foram os primeiros dias sozinha?
Então, nos primeiros dias, tudo é maravilha. Mas, depois de uma semana, vem uma responsabilidade do tamanho de um trem, a saudade da família bate (a família mora em Recife)... Você olha para os quatro cantos do mundo e pensa: “Cara! O que eu estou fazendo aqui?”

Quais as dificuldades de morar só?
Então, primeiro de tudo, procurar um apartamento para mim. Tipo... Tinha que dar no orçamento feito. Depois, vieram as contas para pagar, que, no Recife, quem tinha toda essa responsabilidade eram meus pais.

E a melhor parte?
A melhor parte de morar sozinha? Cara! Têm muitas, viu! Mas, em primeiro de tudo: a liberdade.

Quais são os seus principais passatempos?
Bom, eu costumo ir para a casa do meu melhor amigo (Hugo) ou, então, ir ao Club A (balada).

Como é a sua organização doméstica com relação ao espaço físico da sua casa, vizinhança, faxina e compras?
A organização está meio que “faltando algo”, sabe? Vizinhos? Nossa! Nem tenho muito contato com eles, porque eu saio de manhã e só chego à noite. Faxina? Vem uma garota toda semana fazer uma faxina aqui em casa. Se ela não tivesse aparecido na minha vida... Nossa! Não sei o que seria de mim. (risos) Compras? Todo sábado, à tarde, eu vou ao supermercado fazer as compras da semana. Hoje, (09/08/2009) eu fui de manhã já para ficar com a tarde livre.

Como é a questão do orçamento? Você consegue se sustentar? Tem dificuldades financeiras?
Meus pais me ajudam. Todo mês, eles mandam o dinheiro do aluguel do apartamento e uma ajuda extra.

Que tipo de comida você costuma comer? Você sabe cozinhar? Que comida não pode faltar na sua casa?
Então, antes de vir para São Paulo, minha mãe teve de me ensinar umas coisas... O básico, né? Mas, depois, eu comecei a trabalhar de hostess** no Boi Preto (restaurante) de São Paulo e fui aprendendo mais algumas coisinhas. Uma comida que não pode faltar aqui em casa é massa. Eu adoro!

** As hostess são mais do que recepcionistas. Elas são uma espécie de cartão de visitas dos estabelecimentos. Elementos como beleza, simpatia e personalidade são atributos importantes para quem trabalha na profissão.

Você lembra de alguma situação engraçada que você tenha vivido em todos esses anos morando sozinha? Já fez alguma besteira, como lavar roupa errado, estragar comida, queimar o chuveiro?
Teve um dia que meu amigo (Hugo) me ligou e disse que queria almoçar aqui em casa. Então, para mostra que eu sabia cozinhar, eu disse que ele poderia até jantar aqui. Acontece que eu não tinha feito a feira da semana. Mas, o improviso serve para que? Para improvisar, né? Então, eu disse para ele que iríamos comer uma macarronada. Cara! Você acredita que, quando eu abri o armário, só tinha miojo? (risos) Nada melhor, né? Pior que isso! Acredita que eu confundi com macarrão e deixei o tempo que um macarrão fica no fogo? Cara! Quando eu fui olhar a panela... Nossa! Estava parecendo uma papa. E você acredita que ele (Hugo) ainda fez questão de comer? Tão lindo... Ele fez com que eu gostasse ainda mais dele. Eu que fiz, nem agüentei colocar uma garfada na boca. Estava horrível mesmo.

Já queimei meu notebook. Estava acontecendo uma queda de energia e eu, toda besta, não sabia que tinha de desligar da tomada, né? Quando eu vi, o pior já tinha acontecido.

E teve outra vez que eu fui fazer arroz. Para fazer arroz, você tem de deixar primeiro o alho e a cebola centrifugarem, né? Só que eu coloquei o alho, a cebola e a água para ferver. Achei estranho, né? Então liguei para minha mãe... Nossa! Ela me chamou tanto de loira burra. (risos)

Você se imagina, depois de tanto tempo morando sozinha, morando tranquilamente com os pais de novo, tendo de dividir a casa, seguir as regras?
Então, morar com os meus pais, realmente, eu não quero. Quero viver minha vida, ser independente, sair e chegar a hora que eu quiser, levar meus amigos para minha casa... Porque, enquanto eu estava em Recife, não tinha a responsabilidade que eu tenho hoje, então, eu pretendo trabalhar lá mesmo e morar só.

Você adquiriu manias neste tempo morando sozinha? Quais?
Mania, não! Mas, eu gosto de deixar minha casa sempre arrumada, coisa que, em Recife, tinha quem fizesse para mim, né? Aqui tenho que me virar como posso.

Você acha que a relação com seus pais vai ser diferente depois da experiência de morar sozinha?
Então, minha relação com meus pais tende a melhorar. Quando eu vivia com eles, eu enxergava uma realidade diferente da que eu enxergo hoje em dia. A partir do momento que eu comecei a entender essa realidade que eles vivem, que eu só aprendi depois que comecei a morar sozinha aqui em São Paulo, minha relação com eles tende a melhorar muito.

Que música você costuma escutar nos momentos de solidão, uma música que combine com você?
Eu adoro MPB. Tem duas músicas que eu ouço bastante: “A Sua”, da Marisa Monte e “Telegrama”, do Zeca Baleiro.

Em caso de necessidade, a quem você recorre?
Ao meu melhor amigo (Hugo), que mora no prédio da frente.

Você considera a sua vida muito diferente da vida das pessoas que moram junto com alguém?
Então, eu já morei com uma pessoa e digo que não é a mesma coisa que morar sozinha. Você tem mais privacidade, enfim, eu acho que seja diferente sim.

Quais são os seus projetos de vida a curto, médio e longo prazo?
No curto prazo, terminar todos os meus trabalhos da faculdade, meu trabalho de conclusão de curso. No médio prazo, trabalhar na área que eu me formar. No longo prazo, constituir uma família e ser feliz, é claro!

Vanessa Macêdo de Vasconcelos faz parte dos nossos entrevistados que não moram na Grande SP e que nos contaram suas histórias em entrevista pela internet.

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