Morar sozinha por vontade própria foi o caso de Janaine. Apesar de não ter ficado só por muito tempo, ela carrega parte do aprendizado até hoje. Atualmente, a jovem divide a moradia com amigas mas, no que depender de sua vontade, voltará a morar sozinha daqui alguns anos.
Quanto tempo você morou sozinha?
Eu morei sozinha por três meses. Agora, eu moro com duas amigas. Mas, eu moro aqui em São Paulo há dois anos.
O que a levou a morar só?
Eu estava precisando aprender a ficar mais só e independente.
Como foram os primeiros dias sozinha?
Foi meio estranho, pois eu estava acostumada a dividir tudo e a dormir em um quarto com seis meninas, então, no começo, eu me sentia sozinha, livre e tranqüila, me sentia em paz.
Quais eram as dificuldades de morar só?
Olha! Dificuldade de ficar sozinha, eu não tive. Acho que o que mais pesou foram as despesas, que aumentaram. Também tem o fato de você, às vezes, se sentir muito sozinha pelo fato da família estar longe.
E qual era a melhor parte?
A liberdade. Você faz o que quiser. Recebe seus amigos tranquilamente e sabe que não vai se surpreender com alguém novo no pedaço ou com alguma amiga que comeu o que você deixou na geladeira. Você sai de manhã e, à noite, está tudo onde você deixou.
Você sentia solidão? Como você fazia para lidar com a solidão?
Às vezes, eu me sentia só sim, mas, geralmente, era aos domingos, que não tem nada para fazer. Mas, nem sempre, pois eu estava em outra fase da minha vida, buscando o amadurecimento. Acho que eu me senti mais sozinha quando eu me mudei para São Paulo e quando morava com outras pessoas. Para lidar com a solidão, eu ficava conversando muito com elas (amigas), lia ou estava no computador. Quando nada resolvia, eu me pegava com depressão, jogada na cama quase o dia todo.
Quais eram os seus principais passatempos?
Ler e sair com as amigas.
Como era a sua organização doméstica com relação ao espaço físico da sua casa, vizinhança, faxina, compras, família e amigos?
Eu até que era organizada. Limpeza, eu mesma fazia, aos sábados, para passar o tempo também. Compras, eu ia ao mercado de acordo com a minha necessidade. Minhas família vinha me visitar “de boa” (normalmente). Meus amigos e os vizinhos sempre eram prestativos comigo, porque sabiam que eu estava só, então sempre perguntavam se eu precisava de algo. (risos) Principalmente os vizinhos. (risos)
Como era a questão do orçamento? Você conseguia se sustentar? Tinha dificuldades financeiras?
Era meio difícil, mas eu me virava. Agora, com minhas amigas comigo, me ajudam mais.
Que tipo de comida você costumava comer? Você sabia cozinhar? Que comida não podia faltar na sua casa?
Eu sei cozinhar sim, mas eu era meio preguiçosa, então uma coisa que não faltava era miojo e macarrão
Você lembra de alguma situação engraçada que você viveu nos meses em que morou? Fez alguma besteira, como lavar roupa errado, estragar comida, queimar o chuveiro?
Ah! Eu tinha um problema com a torneira do tanque e, um dia, eu não estava conseguindo abrir e, de repente, ela estourou e eu me molhei toda.
Você teve problemas, depois de morar sozinha por três meses, para dividir a casa com outras pessoas tranquilamente?
No começo, foi difícil, porque eu já tinha me acostumado a morar sozinha. Quando eu dividia o apartamento, era uma zona. Aí, eu fui morar sozinha e era mais organizada. Depois, voltei a dividir a casa novamente e a bagunça voltou. Eu fiquei meio estressada no começo, mas depois passou.
O que mudou na sua vida depois da experiência de morar só?
Senti que amadureci mais e passei a dar mais valor às pequenas coisas, como os preços no supermercado.
Você adquiriu manias neste tempo morando sozinha? Quais?
Não! Manias não, porque eu não gostava de rotinas, então fazia o que queria. Se eu quisesse limpar, eu limpava, senão, deixava as coisas como estavam.
Você acha que a relação com seus pais melhorou depois da experiência de morar sozinha?
Sim, porque eu aprendi a dar valor a algumas coisas, como o desperdício.
Que música você costuma escutar nos momentos de solidão, uma música que combine com você?
Gosto muito de MPB, então era o que eu escutava muito.
Em caso de necessidade, a quem você recorria?
Quando estava mal, eu recorria a um amigo meu, que me ajudava muito quando me mudei pra cá.
Você considerava a sua vida muito diferente da vida das pessoas que moram junto com alguém?
Sim! Era diferente, porque, quando você divide lugar com alguém, você tem de se acostumar e aceitar as diferenças das pessoas.
Tem amigos que vivem sozinhos ainda?
Tenho sim.
Você, se pudesse optar, continuaria morando sozinha ou dividira a casa com alguém? Por que?
Pelas despesas, eu dividiria, mas, pela liberdade, eu moraria sozinha.
Quais são os seus projetos de vida a curto, médio e longo prazo?
Eu pretendo voltar a morar sozinha.
Janaine Aparecida dos Santos faz parte dos nossos entrevistados que não moram na Grande SP e que nos contaram suas histórias em entrevista pela internet.
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